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DESTRUIÇÃO DAS MATAS - UM ALERTA PARA O FUTURO DO BRASIL RURAL (Katuaba; F85)

04/12/2024 - Por paulo varella conceição
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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O avanço sobre as matas nativas brasileiras continua a ser uma realidade alarmante. Embora transformar áreas florestais em terras produtivas seja, em alguns casos, uma necessidade, isso só pode ser justificado se for feito de maneira planejada, com responsabilidade socioambiental e pleno aproveitamento dos recursos. Contudo, o que vemos é o oposto: práticas predatórias que priorizam lucros rápidos em detrimento de um futuro sustentável para o agronegócio e a sociedade como um todo.

A destruição de matas e cerrado para seguidas pela devastação de grandes áreas para criar pastos temporários para minguadas cabeças de gado é um modelo insustentável. Além disso, queimadas descontroladas e mal planejadas, que afetam áreas enormes, continuam sendo uma prática recorrente. Florestas impenetráveis, encostas, nascentes e margens de rios - áreas cruciais para a preservação de água e a proteção contra a erosão - estão sendo dizimadas, muitas vezes para fins triviais. Isso não é progresso, mas sim retrocesso, digno de uma mentalidade ultrapassada e destrutiva.

Os impactos dessa destruição estão cada vez mais evidentes: o clima no Brasil tornou-se irregular e imprevisível. Chuvas desordenadas - ora abundantes e causando enchentes, ora escassas e gerando secas extremas - ameaçam a estabilidade da produção agrícola e a segurança hídrica. Rios secam a níveis críticos, comprometendo até mesmo operações básicas no campo. O calor se intensifica, enquanto ventos carregados de poeira deterioram ainda mais a qualidade de vida no campo e nas cidades.

A produção rural, que depende de solos férteis e ciclos climáticos estáveis, está sendo diretamente ameaçada por essas práticas. Os prejuízos não se limitam ao meio ambiente; eles impactam também o setor econômico, encarecendo os custos de produção e tornando o agronegócio mais vulnerável no médio e longo prazo.

É imperativo repensar o modelo de desenvolvimento rural no Brasil. Espécies de árvores nativas e exóticas de rápido crescimento integram-se a sistemas de recuperação ambiental e produção de madeira e celulose. Além disso, sistemas agroflorestais e a integração de lavouras, florestas e pastagens (ILPF) são alternativas sustentáveis que já mostraram sucesso em várias regiões do país.

Investir na recuperação de áreas degradadas não é apenas uma questão ambiental; é uma estratégia econômica inteligente. A curto prazo, os custos podem parecer altos, mas os benefícios incluem a valorização das propriedades, a recuperação da fertilidade do solo e a garantia de recursos naturais para as futuras gerações. E, sobretudo, um setor rural resiliente, capaz de enfrentar os desafios climáticos.

O governo e os produtores precisam assumir seu papel de liderança nessa transição, criando e aplicando políticas rigorosas contra a destruição ambiental e incentivando práticas sustentáveis. Chegou a hora de abandonarmos a mentalidade exploratória e construirmos um modelo rural alinhado com os desafios do século 21 - porque o que está em jogo não é apenas o futuro do setor agrícola, mas o futuro do Brasil.

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