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O Preço do Assistencialismo e da Falta de Compromisso (Calvin; F13)

14/10/2024 - Por haroldo josé torres da silva
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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A Crise da Mão de Obra no Brasil - O Preço do Assistencialismo e da Falta de Compromisso

O Brasil vive uma crise silenciosa que ameaça sua capacidade de continuar crescendo como potência agrícola: a falta de mão de obra qualificada e comprometida. Em setores estratégicos, como construção civil, frigoríficos e agroindústrias, em geral, as vagas permanecem abertas, mas a oferta de trabalhadores qualificados é insuficiente, refletindo uma lacuna entre oferta e demanda por trabalhadores qualificados. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2023, 34% das indústrias relataram dificuldades para encontrar mão de obra adequada, comprometendo a produtividade e a eficiência do setor (CNI, 2023).

A raiz desse problema é multifacetada e revela uma combinação nefasta de assistencialismo, cultura de vitimização e falta de preparo educacional. Entre 2020 e 2022, com o aumento de programas emergenciais de auxílio governamental, a taxa de participação na força de trabalho caiu, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023). Muitos jovens preferem a inércia à iniciativa, alimentando a percepção de que é possível viver de auxílios, o que enfraquece o compromisso com o mercado de trabalho. Essa mentalidade de direitos sem deveres tem gerado uma geração que acredita ter "direito à colheita sem plantio".

A educação brasileira também fracassa em formar profissionais preparados para atender às demandas do mercado. De acordo com o Índice de Competitividade Global de Talentos, o Brasil ocupa a 80ª posição entre 133 países na formação de talentos (INSEAD, 2023). A desconexão entre universidades e o setor produtivo cria um abismo entre a teoria e a prática. A academia se tornou uma bolha isolada, priorizando produções científicas que nem sempre atendem às demandas reais do mercado.

Enquanto isso, setores, tal como o agronegócio, sofrem com a falta de profissionais com competências práticas e perfil empreendedor. Um exemplo claro está nos frigoríficos: segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), 20 mil vagas estavam abertas em 2023, com dificuldade de preenchimento por falta de qualificação e comprometimento dos candidatos (ABPA, 2023).

Enquanto a demanda mundial por alimentos cresce, o país corre o risco de perder oportunidades se não superar seus entraves estruturais. A agroindústria, que deveria ser um dos motores de crescimento, enfrenta entraves burocráticos e falta de mão de obra, afetando sua capacidade de atender à demanda global.

O setor agroindustrial é um exemplo claro de que a meritocracia funciona: quem planta, colhe. No entanto, essa lógica simples parece ignorada por uma parte da sociedade que se acostumou a exigir direitos sem responsabilidades. Em vez de fomentar o empreendedorismo e o esforço, dissemina-se a ideia de que é possível viver de auxílios governamentais indefinidamente, gerando conformismo e desestímulo ao trabalho.

É urgente reverter esse ciclo. O Brasil precisa de uma mudança cultural que valorize o trabalho, a meritocracia e o empreendedorismo, além de uma reforma educacional que forme profissionais com habilidades práticas e alinhados com as demandas do mercado. Sem essa transformação, o país não apenas perderá competitividade, mas comprometerá seu desenvolvimento econômico e social.

A crise da mão de obra no Brasil não é apenas um reflexo de problemas econômicos, mas uma consequência de escolhas equivocadas como sociedade. Enquanto não enfrentarmos essa questão com seriedade, o discurso de "falta de oportunidades" continuará sendo uma desculpa conveniente para a falta de ação. O futuro do Brasil depende da coragem de romper com esse ciclo e construir uma sociedade que valorize o esforço e o mérito.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (ABPA). Relatório Anual 2023. São Paulo, 2023.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI). Pesquisa de Sondagem Industrial 2023. Brasília, 2023.

INSEAD. Global Talent Competitiveness Index 2023. Fontainebleau: INSEAD, 2023.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNAD Contínua - Participação na Força de Trabalho 2023. Rio de Janeiro, 2023.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA (MAPA). Relatório de Aprovação de Produtos Agroquímicos no Brasil, Brasília, 2023.

 

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